A Torre Eiffel, nomeada em homenagem ao seu criador Gustave Eiffel, é um dos marcos mais conhecidos do mundo. Não há galeria de fotos da cidade do amor onde ela não apareça em plano de fundo. Iluminada ou não – ela ofusca muitas outras estruturas em Paris. E faz isso há mais de 140 anos.
A Torre Eiffel é, no entanto, um monumento incomum. Há mais do que suficientes marcos em pedra, bronze e cobre. Um homem chamado Gustave Eiffel pensou: Por que não em aço? Sim, por que não?
Ainda hoje, muitas de suas construções fascinam pessoas em todo o mundo. Ele tornou possível muito mais do que apenas a Torre Eiffel. No nosso artigo de hoje, vamos explorar o mundo de um homem que criou uma estética única a partir de aço bruto: Gustave Eiffel.
O homem por trás da torre – Quem foi Gustave Eiffel?
O sobrenome do engenheiro francês Gustave Eiffel sugere que ele vem da Alemanha. Na verdade, a sua família era originalmente da Eifel, na região da Renânia e, no século 18, emigrou para a França. Foi então que um segundo “f” foi adicionado para fazer o nome soar mais francês.
Eiffel nasceu em 1832 com o nome de Alexandre Gustave Bonickhausen dit Eiffel. A última parte significa algo como “chamado Eiffel”. Cresceu na sua cidade natal Dijon, numa família que adquiriu grande riqueza através do comércio de carvão. A partir de 1880, uma decisão do tribunal fez com que o nome "Eiffel" substituísse o sobrenome "Bonickhausen dit Eiffel" como uma abreviação.
Gustave Eiffel tinha solicitado essa mudança dois anos antes, pois achava que o seu nome era muito alemão e temia que isso pudesse prejudicar os seus negócios. Como é do conhecimento desde as nossas aulas de história: a guerra franco-prussiana ocorreu de 1870 a 1871. As relações franco-alemãs estavam tensas. Era compreensível que ele quisesse jogar pelo seguro.
Educação e os primeiros sucessos
A carreira de Gustave Eiffel não foi necessariamente linear. Ele inicialmente frequentou o Collège Sainte-Barbe, em Paris, mas não passou no exame oral da École Polytechnique, uma reconhecida instituição de elite. Ele depois estudou química na École Centrale des Arts et Manufactures e obteve o seu diploma em 1855. Até então, não havia nenhuma indicação de que seguiria carreira em engenharia.
Como é que Gustave Eiffel se tornou engenheiro? Na verdade, a formação era bastante generalista. Embora Eiffel tenha escolhido química como sua principal área de estudo, ele também se envolveu com outras disciplinas, como:
- Matemática e Mecânica
- Ciência dos Materiais
- Fundamentos de Engenharia Mecânica
- Engenharia estrutural e Processos Industriais
Portanto, ele possuía sólidos conhecimentos de engenharia, mesmo assim ele não se auto intitulava como "engenheiro estrutural" após completar sua educação. Depois de alguns meses numa fábrica de explosivos, ele trabalhou em vários escritórios de engenharia. Foi apenas em 1856 que finalmente conseguiu o seu emprego como engenheiro de pontes.
Lá, ele envolveu-se no dimensionamento de pontes ferroviárias, um passo na sua carreira que se tornou fundamental para a sua carreira de engenheiro. Graças ao seu conhecimento profundo na interpretação de pessoas, e na sua capacidade de trabalhar interdisciplinarmente e uma determinação infindável, ele alcançou o que poucos de seus colegas conseguiram: ser promovido a gestor de projetos.
Gustave Eiffel: É preciso ter uma boa reputação
Alguns anos se passaram e Gustave Eiffel realizou mais projetos. No entanto, seu desejo por independência crescia. Ele queria finalmente criar as suas próprias estruturas, que, em termos de inovação e atenção, estabelecessem novos padrões. E a melhor forma de fazer isso era como autônomo.
O passo de Eiffel para o empreendedorismo
Em 1866, ele finalmente estabeleceu o seu próprio negócio, e o primeiro grande contrato não demorou a aparecer. Em 1867, ele assumiu a construção dos viadutos de Rouzat e Neuvial na linha ferroviária Commentry-Gannat, na Auvergne. Ele executou um trabalho de qualidade, que consolidou ainda mais a sua reputação.
No mesmo ano, ele foi convidado a realizar alguns trabalhos para a próxima Exposição Mundial. Gustave Eiffel usou essa oportunidade para expandir e fortalecer ainda mais a sua rede de contatos no mundo dos negócios. Essa rede seria útil no seu caminho futuro. Afinal, estar bem relacionado é extremamente importante nesta indústria.
Gustave Eiffel: As suas construções por todo o mundo
Gustave Eiffel rapidamente ganhou fama na França. Ele trabalhou na América do Sul de 1872 a 1874. Entre outras coisas Eiffel este involvido com o planeamento de estaç
oes ferroviárias no Chile e na Bolívia. Contudo, ele não se limitou a obras ferroviárias. Em Tacna, Arica e Chiclayo, no Peru, ele construiu catedrais, adquirindo outras experiências valiosas. Em 1877, a estação ferroviária de Budapest foi concluída sob a sua direção.
Ele também foi o responsável pela construção da Ponte Maria Pia no Porto, sendo a ponte inaugurada em 4 de novembro de 1877. Uma de suas obras mais impressionantes é o Viaduto de Garabit. A construção durou de 1880 até julho de 1888.
Ainda hoje, com uma altura de 122 m, a construção de aço é uma maravilha histórica. Naquela época, era a ponte mais alta do mundo, e sua forma curva era algo distinto para a época. Esses arcos delicados rapidamente se tornaram uma marca registrada de Gustave Eiffel.
Está interessado em mais pontes impressionantes? Numa publicação anterior no blog, analisamos a ponte mais alta do mundo atual, as suas antecedoras e a pretendente ao título. Fiquem à vontade para ler mais sobre isso!
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Gustave Eiffel: Co-criador desconhecido da Estátua da Liberdade
Nem em todas as obras Gustave Eiffel teve seu nome inscrito. Na verdade, ele contribuiu significativamente para uma construção que poucas pessoas sabem.
Gustave Eiffel foi contratado para projetar uma estrutura que suportasse um monumento muito especial. A França planeava dar um presente monumental aos EUA: a Estátua da Liberdade. Assim, em 1879, Eiffel começou a desenvolver um sistema para no futuro sustentar a Estátua da Liberdade.
As estruturas de suporte estrutura interna da Estátua da Liberdade são, portanto, baseadas nos cálculos do criador da Torre Eiffel. Criar dois monumentos tão conhecidos e ainda hoje famosos – é em si impressionante.
Engenharia no século 19
Por que a Torre Eiffel foi tão revolucionária
Todo mundo a conhece. Poucos edifícios estão hoje tão intimamente ligados ao espirito de França como a Torre Eiffel, construída sob a liderança de Gustave Eiffel. Já naquela época, a torre era uma verdadeira raridade. Ninguém jamais havia construído tão alto, e as pessoas do século 19 nunca teriam pensado que uma estrutura tão alta era possível. Especialmente em aço que ate então era um material de construção relativamente novo.
O edifício mais alto da época era o Obelisco em Washington D.C., construído de forma clássica em pedra. Construir algo além de pontes com aço não era vulgar. Gustave Eiffel foi, então ridicularizado pelo seu projeto. Mas ele viu no uso do aço a possibilidade de atingir uma altura de mais de 300 m. Mais alto que o Obelisco, de seus 169,05 m. Muito mais alto. Com o anúncio de um concurso para a Exposição Universal em comemoração do aniversário de 100 anos da Revolução Francesa, ele viu sua chance.
Gustave Eiffel aproveitou o conhecimento que adquiriu até então. Todas aquelas pontes de aço com o seu característico estilo em treliça: Eles fluíram para a construção da Torre Eiffel. A forma simétrica com flancos curvados resistia até mesmo aos ventos mais fortes – um dos maiores problemas enfrentados por uma estrutura de aço tão alta. Mas o design de Eiffel era bem pensado e permanece de pé até hoje.
Construção leve com utilização de ligações de rebites especiais e vigas treliçadas, logística meticulosamente coordenada – tudo foi supervisionado por ele. Era como nos seus projetos anteriores: Funcionou. Nem sempre de forma suave, mas eles mantinham o cronograma.
Desde 1889, a Torre Eiffel está de pé no Champ de Mars, no coração de Paris, às margens do Sena. Mas a calma que este colosso de 10.000 t emana é enganadora. Os parisienses nem sempre foram tão entusiastas pela sua torre quanto eram na sua inauguração e são hoje.
A Torre Eiffel quase foi demolida, algo que Gustave Eiffel conseguiu impedir ao longo dos anos. Foi rapidamente considerada sem utilidade, especialmente após a Exposição Universal. A fase de euforia, quando todos queriam subir nas plataformas de observação e olhar para Paris, logo acabou.
No final foi o exército que salvou a Torre Eiffel da sua destruição. A sua altura era ideal para uma estação transmissora nacional. Mais tarde, a Torre Eiffel até abrigou a primeira estação de televisão da França. Antes que a torre se tornasse uma atração turística mundial, foi na verdade, o seu tamanho avassalador que a salvou. Até a conclusão do Edifício Chrysler em 1930, era o edifício mais alto do mundo.
Gustave Eiffel após a Torre Eiffel
A Torre Eiffel estava longe de ser o último grande projeto em que Gustave Eiffel trabalhou. Descansar sobre o sucesso? Esse não era o perfil de Eiffel. Vamos ver, então, o que aconteceu na sua vida após a Torre Eiffel.
Gustave Eiffel e o Escândalo do Panamá
Enquanto Gustave Eiffel estava na França com sua Torre Eiffel, havia outro grande projeto em andamento do outro lado do mundo. No pequeno país do Panamá, na América Central, um canal estava a ser construído que ainda hoje tem grande importância econômica: o Canal do Panamá.
Ferdinand de Lesseps, um empresário francês, queria construir um canal ao nível do mar e sem eclusas. No entanto o ponto mais alto onde o canal seria construído estivesse 84 m acima do nível do mar. Até mesmo um leigo reconheceria: Isso não poderia funcionar.
Após inúmeros retrocessos catastróficos de deslizamentos de terras e doenças, Lesseps viu-se obrigado a seguir por outro caminho. Ele contratou Gustave Eiffel para construir e construir 30 eclusas.
Mas o projeto já estava bastante para lá do ponto de não retorno. Mas nesse momento, os custos tinham aumentado de forma vertiginosa. O último recurso foi uma lotaria de ações da empresa responsável pela construção. Gustave Eiffel, alheio ao desastre iminente, estava até feliz que mesmo as pessoas comuns agora tinham uma maneira segura de ganhar uma renda respeitável através de seu trabalho. Mal ele sabia que as ações vendidas eram manipuladas.
Além disso, subornos foram usados para convencer jornalistas e membros do parlamento a divulgar avaliações completamente superestimadas das ações ao público. Quando, em 1889, a empresa responsável pela construção entrou em falência, 85.000 franceses, muitos deles da classe média, perderam o seu dinheiro, levando vários deles à ruína.
Foi só em 1892, após um artigo de jornal, que a manipulação deliberada das ações veio à tona. A indignação foi enorme e todos os envolvidos no projeto do Panamá foram punidos. Isso também incluiu Gustave Eiffel.
Embora um tribunal tenha, no final, absolvido Gustave Eiffel do escândalo do Panamá, a sua reputação estava arruinada desde então. Como engenheiro, ele não recebeu mais contratos. Ele passou a sua empresa Eiffel & Cie. para um de seus colaboradores próximos e retirou-se da industria da construção.
Outro golpe para Gustave Eiffel
Colapso da ponte na Suíça
O impacto pesado para o engenheiro Gustave Eiffel não parou por aí. Mesmo tendo-se já retirado da construção civil, ele não estava imune a um outro desastre. Em 1891, uma ponte ferroviária em Münchenstein, na Suíça, desabou no mento em estava a passar um comboio de passageiros totalmente lotado.
Esse foi, até hoje, o pior desastre ferroviário na Suíça, resultando em 73 mortes. Outras 171 pessoas ficaram feridas. Mas foi Gustave Eiffel o culpado? Investigações revelaram que nenhum erro de construção manifesto foi responsável pelo colapso da ponte cerca de 15 anos após sua construção. Caso contrário, a ponte não teria durado tanto.
Embora muitos culpassem Gustave Eiffel, afinal, suas vigas leves em treliça pareciam, por serem tão leves e bonitas, condenadas a desabar algum dia. Mas não, as razões para o colapso da ponte foram:
- Fadiga do material
- Manutenção inadequada
- sobrecarga pelo comboio lotado
Mais do que isso, reformas posteriores e falta de manutenção enfraqueceram a estrutura ao longo do tempo. Apenas os danos visíveis foram alvo de reparo e de maneira provisória. Portanto, Gustave Eiffel não sofreu consequências legais, mas o seu sistema de treliça leve e construções em ferro e aço teve sua reputação manchada na construção de pontes.
Tirar partido da situação: o legado de Gustave Eiffel em túnel de vento
Gustave Eiffel estava compreensivelmente decepcionado com o setor de construção. No entanto, a sua retirada da construção civil estava longe de significar o fim de sua carreira. Ele não era alguém que se contentava em ficar sentado. Ele virou a sua atenção para a ciência e pesquisa, estava especialmente fascinado pela aerodinâmica, que desempenhou um papel crucial na construção da Torre Eiffel.
Foi assim que ele construiu um dos primeiros túneis de vento modernos no próprio jardim. Em inúmeras experiências, ele examinou como fluxos de ar afetam objetos. Através de milhares de testes sistemáticos, ele aperfeiçoou seu túnel de vento e conseguiu medir precisamente a resistência do ar de uma grande variedade de formas de objetos. Sem a tecnologia de computadores atual, essa era uma conquista impressionante.
Os seus métodos de medição eram tão confiáveis que foram adotados por construtores e engenheiros aeronáuticos em toda a Europa. À medida que o seu projeto crescia, ele precisava de mais espaço e equipamento, foi então que ele transferiu o seu túnel de vento para Paris, criando um laboratório aerodinâmico. Esse laboratório tornou-se num centro de excelência na pesquisa da dinâmica de fluidos.
Conclusão: Gustave Eiffel – uma lenda da engenharia
Gustave Eiffel faleceu em 1923, aos 91 anos, e foi sepultado em um cemitério no noroeste de Paris. Até o fim de sua vida, ele trabalhou para melhorar as suas técnicas de medição na aerodinâmica. Muitos dos princípios que ele estabeleceu são válidos até hoje. Embora não tenham a mesma formulação, esses princípios ainda são utilizados na tecnologia moderna de medição:
- Testes de fluxo em modelos antes da construção; as estruturas e aparelhos aeronáuticos devem ser testados como modelos num túnel de vento antes de serem construídos
- Medições sistemáticas e reprodutibilidade; execução de milhares de medições controladas com condições experimentais meticulosamente documentadas e variáveis levemente alteradas
- Resistência ao ar dependente da forma; a resistência do ar depende fortemente do formato e da superfície de um corpo, não apenas do tamanho ou da velocidade
- Medição num túnel de vento aberto com fluxo linear; separação do ventilador e seção de medição para reduzir turbulências
- Forte ligação com a prática; aerodinâmica aplicada ao invés de pura teoria
Assim, ele exerceu influência considerável no campo moderno de engenharia, não apenas através de suas construções, mas também das suas pesquisas na aerodinâmica. Até hoje, podemos admirar muitas suas delicadas estruturas em metal e ainda aplicamos os seus princípios em simulações CFD modernas. As suas obras e pesquisas inspiraram incontáveis mentes brilhantes – tanto naquela época quanto agora.